quarta-feira, 21 de julho de 2010

Delírio


Uma súbita calma. Daquela que faz amolecer o pescoço até que a cabeça caia. O silêncio completo do apartamento vazio acaricia o peito. Alivia. E o universo ao redor, tão vago, lhe parece não ser nada. Não tem fome, não tem pressa, não tem raiva, não tem tempo.

Em meio ao nada, o peito acariciado o aliviava. E aos poucos em anjo se transformava. As asas em suas costas já podiam ser vistas de longe. Como pesam! Não se parecem com qualquer asa que já se tenha visto. São de má qualidade, deformadas. Asas deformadas e gigantes de um anjo vulgar. Que lhe dói a ossatura de tanto que pesa.
De tanto que pesa o par de asas do anjo.
De tanto que pesam as asas de pedra.

De tanto que pesam as asas de pedra do anjo.

Nenhum comentário: