quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

40º e último post de 2009!

Não pretendia escrever outro post tão cedo, mas reparei que 39 posts foram escritos em 2009, e quis completar 40! sendo hoje o último dia do ano, não tinha como adiar... rsrs
E como não me resta mais criatividade pra escrever, vou deixar um pouco de Caio pra vocês.. afinal, é sempre bom um pouco mais de Caio!!! Aliás, todos deveriam amar Caio...

"Não consigo ver mais que isso: essa é a lembrança. Além dela, nós conversamos durante muito tempo na chuva, até que ela parasse, e quando ela parou, você foi embora. Além disso, não consigo lembrar mais nada, embora tente desesperadamente acrescentar mais um detalhe, mas sei perfeitamente quando uma lembrança começa a deixar de ser uma lembrança para se tornar uma imaginação. Talvez se eu contasse a alguém acrescentasse ou valorizasse algum detalhe, assim como quem escreve uma história e procura ser interessante — seria bonito dizer, por exemplo, que eu sequei lentamente os seus cabelos. Ou que as ruas e as árvores ficaram novas, lavadas depois da chuva. Mas não direi nada a ninguém. E quando penso, não consigo pensar construidamente, acho que ninguém consegue. Mas nada disso tem nenhuma importância, o que eu queria te dizer é que chegando na janela, há pouco, vi a chuva caindo e, atrás da chuva, difusamente, uma roda-gigante. E que então pensei numas tardes em que você sempre vinha, e numa tarde em especial, não sei quanto tempo faz, e que depois de pensar nessa tarde e nessa chuva e nessa roda-gigante, uma frase ficou rodando nítida e quase dura no meu pensamento. Qualquer coisa assim: depois daquela nossa conversa depois daquela nossa conversa na chuva, você nunca mais me procurou. "
["Do outro lado da tarde" em O Ovo Apunhalado - Caio Fernando Abreu]


FELIZ 2010!!!!!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Ano novo...


2009 acabou. Mas velhos hábitos nunca mudam. Parar na janela pra ver as coisas acontecendo é o meu vício particular – e preferido também. É o momento em que consigo parar, respirar, deixar a cabeça pensar no que quiser e sentir que faço parte de algo muito maior. E que algo maior ainda faz parte de mim. É olhando pra fora e observando o mundo – milimetricamente projetado pra nós – que me sinto mais próxima e muito mais intima do mundo que distraidamente projeto dentro de mim. O mundo que crio falando desesperadamente, derramando amor pela portaria, suspirando memórias, colecionando amigos, rabiscando papéis e bebendo xícaras intermináveis de café. Só que nessa noite, senti todo esse excesso dentro de mim transbordando e a janela do meu quarto não me saciou. Queria ver o mundo de camarote. Fui então ver o mundo da varanda. E lá estavam a minha rua, o meu bairro e a paisagem que estou tão habituada a observar silenciosamente. A proximidade do Réveillon esvaziou a cidade. A rua ta parada e as luzes de natal começando a sumir. Acontece, que toda essa falta de movimento e o silêncio ensurdecedor vindo de fora me fazem sentir saudades de pessoas que nunca me pertenceram. Me machuca não ver estranhos que não conheço, e a falta de qualquer forma de vida la fora me dói um pouco. Porque hoje estou mais sensível. Culpa dessa sensação de nostalgia que, nos fazendo bem ou mal, sempre mantemos por perto quando chega o fim do ano. Ciclos se fecham e a ansiedade para os novos que vão se abrir é inevitável. Mas o ano passou e mesmo que eu esteja mais em silêncio que o normal, cansada dos amigos, do telefone e do calor infernal, a verdade é que em 2009 eu não fiquei mais magra, não parei de fumar, não fiz um esporte, não fiquei mais calma, mais serena nem mais rica. E eu ainda amo demais, ainda me encanto com os mais esquisitos, ainda escrevo pra tornar eterno o que penso, ainda gosto de ver a vida lá fora e ainda não sei o que de fato mudou nem o que vai mudar no próximo ano. Então não acho que em 2010 conseguirei ser diferente, mas prometo tentar um pouco mais. E abro meus braços pra esperar o ano que vai chegar com a única certeza de que continuarei aqui, no meu camarote particular, vendo o movimento (ou não) la de fora e tentando enteder o daqui de dentro. Afinal, velhos hábitos nunca mudam...

[Velhos temas também não... hehehehe]

Feliz ano novo!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Então é Natal...

A última semana de Dezembro sempre me tirou o sono. Não por esperar ansiosa a chegada do Papai Noel. Mas porque todo o frenesi, acompanhado de caixinhas de presentes e luzes espalhadas pela cidade, me causa claustrofobia e esfrega na minha cara o inevitável: A chegada do Natal. Papai Noel de shopping, jingles terríveis em várias versões e pinheiros que de repente se multiplicam mesmo estando em uma cidade tão quente como a minha. Surgem para aumentar a ânsia pelo meu aniversário que chegará em breve e para me lembrar que tenho que preparar o estômago pra engolir o “excêntrico jantar de natal” que me espera.

Deixei de gostar das comemorações natalinas desde que adquirir maturidade suficiente pra entender que o Natal serve apenas para juntar parentes distantes. Por pura obrigação e não por ser uma época de alegria e confraternização. Primos de não-sei-que-grau te pentelhando e tias-avós fazendo perguntas inúteis sobre como vai a faculdade e o emprego. Sem contar a mais clássica de todas: “Está namorando?”. Que inferno! Se esse interesse pela minha vida fosse de fato verdadeiro, porque não me ligaram durante os 360 dias que tiveram pra saber como andam as coisas ao invés de acumular perguntas pra acabar com minha paciência durante a ceia de natal?

A gente cresce, aprende que papai Noel não existe, mas mesmo assim continua a celebrar sabe-se lá o que. O nascimento de Jesus já não cola mais. Afinal, no meio de bebidas, comidas, amigos ocultos e tios gordos fantasiados, quem se lembra de mencionar o nome de Jesus?! Talvez a prima adolescente faça algum comentário sobre o namoro da Madonna. Mas nada, além disso.

Acontece, que as caixinhas de presente continuam a se multiplicar e as músicas de Natal me perseguem até em sonho. Mas aos 20 anos, já faço parte da classe dos adultos-que-não-ganham-presente-porque-entendem-que-presente-é-só-pras-crianças. Às vezes até acontece de algum parente distante (tão distante que eu nem sei qual o nosso grau de parentesco) chegar com um presente nas mãos porque “não é legal chegar à casa dos outros de mãos vazias”. E pra não fazer feio, me presenteia com um porta-retrato barato ou uma agenda para o próximo ano. (Eba!)

Mas no meio disso tudo, sinto a nostalgia do ano que está acabando e conto os dias para um outro que já está chegando. 2009 arrancou minha imaturidade a fórceps, me escolheu novos amigos, me deu novos vícios, me fez fazer as pazes com o tempo e jogar fora papéis, pessoas e velhos hábitos. Talvez no fundo pouca coisa tenha mudado. Afinal, eu sou o resultado de todas as minhas memórias, e de toda a esperança do que ainda está por vir. Mas o pouco que mudou, mudou pra vida inteira, e me despeço dos 20 anos uma pessoa um pouco melhor. Então tá tudo certo. E passado o desespero, desejo a todos um Natal, no mínimo, farto de comidas tradicionais natalinas. Porque elas sim valem a pena...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Um masoquismo feminino nada original.

Quando acordei, vi que o celular estava estático do meu lado. Nenhuma ligação perdida. Senti o peito apertado e uma vontadezinha de chorar. Foi o primeiro sinal de que a TPM estava de volta. Em dias assim, preciso prestar muita atenção no que faço, falo, vejo ou escuto. Porque tudo, de repente, começa a ter um poder descontrolado sobre mim. E mesmo sabendo disso, escolhi acordar e escutar Billie Holiday pra me maltratar logo pela manhã. Pra fazer os olhos molharem e os cabelos dos braços arrepiarem. Este foi o segundo sinal do dia. Na certa será uma TPM regada a chocolate, músicas nostálgicas, meia dúzia de comédias românticas ou qualquer outra coisa que quebre a pose de durona e me faça refletir sobre perguntas sem a mínima possibilidade de resposta. Melhor assim. Chorinho recatado, romantismo barato e emoção exagerada. Com tanto problema acontecendo, eu não daria conta de passar por uma TPM “exorcista” que me fizesse vomitar verde, girar a cabeça e gritar que vou comer seu fígado com ervilhas por não ter ligado...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Sonho.

"Mas a ilusão
Quando se desfaz
Dói no coração
De quem sonhou, sonhou demais
Ah, se eu pudesse entender
O que dizem os seus olhos"

[João Gilberto]


Sonhei que tentava decifrar seus olhos. Olhos de menino que acaba de descobri o mundo. Tanta coisa escondida. E eu ali. Observando você me olhar e tentando extrair qualquer significado escondido nos seus olhos. Sussurrava em seu ouvido, pedindo uma dica, enquanto minhas mãos apertavam sua nuca. Sussurrava pra enganar o silêncio. Pra tentar transformar em palavras o que seus olhos me negavam. E quanto mais me fitava, mais eu enterrava minhas unhas no seu pescoço. Como se eu tentasse arrancar a força alguma explicação. Te puxei pra mais perto porque queria ouvir seu silêncio noturno. E enquanto eu estava me sufocando com a necessidade de decodificar cada pensamento seu, você passou suavemente a mão pelo meu rosto. E foi o suficiente pra me fazer afrouxar os dedos enterrados na sua pele. Passou a mão pelo meu rosto e eu quis que minhas mãos coubessem no meio das suas. Me olhou mais uma vez. E eu sabia que aquele olhar queria me dizer algo. Algo que eu não conseguia entender. E que por algum motivo sua boca não conseguia dizer. Tentei decifrar tão intensamente seus olhos que tinha perdido a conta do tempo e a noção de espaço quando acordei. Acordei e os dedos doíam. A falta do seu peso sobre mim e o quarto vazio doíam também. Na boca, um gosto de angústia nauseante,somado ao gosto amargo da frustração de não conseguir decifrar o que em sonho tentou me dizer o seu olhar.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Neste Natal faça meu ego feliz..

vá na barra lateral e clique em "Seguir"!!!

^^

domingo, 6 de dezembro de 2009

Quem diria...

Celine: Memories are wonderful things, if you don’t have to deal with the past.
[Before Sunset - filme]

Quem diria. A gente se encontrar para um chope alguns anos luz depois. E tudo parecer igual apesar de estar tudo diferente. A calma dele fora do comum e a minha hiperatividade constante. O cheiro dele fora do comum e a minha bagunça gritante, e ele continua lindo. Uma beleza que fere os olhos. Mas que desta vez não me desconsertou e foi fácil admira-la sem qualquer constrangimento. Porque pela primeira vez em anos pude ver de perto, bem perto, que os opostos se atraem mais jamais se misturam. E o que era meio virou nada. As meias decisões, a meia vida em comum , os acontecimentos pelo meio, o meio de tudo - o medo de tudo - e nós que ficamos pelo meio, de repente, ali, numa mesa de bar virou nada. O que pra minha sorte – e pro alívio dele - finalmente aconteceu.
Quem diria. 4 anos. Às vezes parece que foi ontem, às vezes que foi há mil anos. E a gente de repente se encontrar para um chope. Depois de muita coisa, de muito tempo e de muitas pessoas. E poder ver que algumas coisas permanecem iguais, outras um tanto diferente. Fazia uma noite linda de enjoar. E velhos amigos estavam reunidos e arregalando os mesmos sorrisos que há tanto tempo eu não via. Me fazendo perceber que no passado a única coisa fora do lugar era a gente mesmo. Agora a única marca da presença dele na minha vida são as fotos escondidas e as lembranças. E lembranças são apenas coisas que já foram e não que continuam sendo. Sabendo disso fica fácil lidar com elas. Mais ainda gostar delas. Porque não é pecado nenhum apreciar as lembranças de uma vida que foi, mesmo que não exista mais forma de voltar a sê-la. Uma lembrança sem dor, pelo contrário, uma lembrança boa e feliz. Porque agora eu sei que aquela beleza irá ferir eternamente meus olhos, mas nunca mais meu coração.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

E você que se vire com isso...

“Cada voto que fiz ergueu-se em grito contra o meu próprio dar demasiado.”
[Vinicius de Moraes]


Olhar pra frente e ver o mundo indo e decidir ir também. Cada um tem seu problema, isto é certo. Mas problema maior é ficar parado. Estacionado em uma situação que não te leva mais a lugar nenhum. Que não lhe permite tirar mais nada de proveito. E ter a certeza disso nem sempre é tarefa fácil. É preciso maturidade pra seguir em frente e acompanhar o fluxo do mundo que bem ou mal, vai. Uma maturidade que nos força a nos afastar de situações de risco (principalmente pro coração) mesmo quando um lado nosso bate o pé no chão – como criança- e repete incansavelmente que quer. E ainda temos que lutar contra a vontade de passar por cima da regra de ouro e ir com tudo pra cima sem medir conseqüências. É preciso caminhar pra dentro e reconhecer-se, pra conseguir caminhar pra fora sem medo de cair, ou mais ainda, pra ter inteligência pra prever o tombo. Eu não previ meu tombo, mas também não tive medo de cair. E agora que me preparo pra levantar sinto que me minha cabeça não sabe nada, mas o meu corpo sabe exatamente onde dói. E travo uma luta interna com essa maturidade que julgo ter. Porque me questiono quando que ficar sozinha em casa no sábado virou um programa agradável. E mais ainda quando o agradável, pra mim, ganhou peso menor do que o necessário. Acho que foi quando tudo começou a virar um cenário patético demais para que não fosse mudado. Tudo tão demasiadamente ridículo que senti uma saudade imensa da época em que curava meus problemas com insônia, madrugadas regadas a litros de café, jazz e textos no blog. E por isso, hoje, escrevi versos, parágrafos e transformei tudo em texto. Recordei frases feitas, olhares perdidos, momentos de silêncio e vi que durante um tempo, deixei um lado valioso meu de lado. Revirei livros já lidos, recomecei aqueles que já comecei uma dezena de vezes mas nunca terminei - como quem tentasse resgatar o que ficou. E sem conseguir mais me conter, escrevi sobre você. Porque é só quando te transformo em letra que te sinto de verdade. Não como ser presente, mas como lembrança viva de tudo o que não fomos. Acontece, que o mundo vai e eu preciso ir. Mesmo que o lado que bate o pé como criança querendo ficar esteja me deixando louca e transformando numa tarefa árdua caminhar pra frente sem olhar pra ver o que ficou pra trás. Mas o mundo vai e eu também preciso ir, querido. E você que se vire com isso...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Leite com achocolatado.


Acordou com o corpo suado, levantou cambaleando, foi até o banheiro, lavou o rosto e depois chegou até a janela pra conferir como estavam as coisas la fora num dia quente de sol senegalês. “O mundo ta pegando fogo” – pensou ele. O celular estava estático em cima da mesa. Ele sabia que ela não tinha ligado, mas ainda assim preferiu conferir e ver se não tinha nenhuma ligação perdida. Nada. Claro, ela não é desse tipo de mulher, que liga pra pedir palavras de carinho ou pra perguntar como ele está. Não ia ligar assim à toa. Questionou o relacionamento que tinham. Ela é auto-suficiente, bem resolvida, mora sozinha e tem um cachorro que a faz companhia. O que deixa nele uma profunda sensação de ser só mais uma coisa pra ocupar o tempo dela. Nada de especial. Como um brinquedo ou uma forma de distração da vida corrida. Resolveu tomar uma xícara de café pra ver se acostumava com o gosto. Ela só toma café e estava cansado de vê-la tomando xícaras ao acordar enquanto ele se mantinha no leite com achocolatado. Procurou nos armários e encontrou um vidro de café instantâneo que ela comprara pra deixar na casa dele pra quando fosse dormir por la. No rótulo estava escrito Extra Forte, o que não o animou muito. Mas estava decidido, seria café quente numa manhã quente, mesmo ele não entendendo a lógica disso. Com o café já pronto nas mãos, caminhou até a sala e no instante em que tentou dar o primeiro gole reparou que a luz da secretária eletrônica piscava. Apertou o botão para escutar o recado e surpreendeu-se ao ouvir a voz dela saindo do aparelho. Sentado no sofá com a xícara de café na mão, ele escutava pela secretária eletrônica o recado que ela havia deixado na noite anterior. Se disse preocupada porque fazia uma noite quente e queria saber como ele estava lidando com todo calor. Sabia como noites quentes o incomodavam. Às vezes esses ataques de proteção surgiam e se alteravam com um profundo descaso da parte dela que era capaz de ficar dias inteiros sem ligar e depois dizia que essas inconstâncias emocionais eram a maior prova de amor que ela podia dar. Ele não se mexeu. Permaneceu no sofá, fazendo careta ao tentar tomar seu café e ouvindo a voz dela, abafada pelo barulho de trânsito, dizendo que estava preocupada. Aquilo lhe deixara confuso. Tinha calculado a noite inteira enquanto rolava na cama sem dormir em função do calor, o momento ideal para deixá-la. Estava cansado com a inconstância, a independência e a personalidade forte dela. Tudo isso o deixava inseguro demais. Não dava pra acordar com uma mulher que bebe café instantâneo Extra Forte pela manhã enquanto ele bebe leite com achocolatado. Essa insegurança faz o amor acabar. Inevitavelmente. Mesmo que pra ela insegurança não fosse um motivo plausível, pra ele era motivo suficiente. Tentou programar o que dizer. Pensou na forma com que o cabelo dela cai sobre o olho escondendo metade do rosto como se assim protegesse dele metade dela. E em como ela gosta de dormir com cobertores diferentes para que nem um deles destape o outro durante a noite. E como gosta de passar a xícara de café perto do nariz antes de bebe-lo pra poder sentir seu aroma. E lembrou de cada pequeno detalhe que a fazia especial pra ele. E percebeu que estas pequenas coisas, as pequenas manias dela estavam tão impregnadas nele que ele precisaria de um tempo longe, um tempo sozinho pra poder se livrar do vicio. Fazer uma desintoxicação. Para isso era preciso primeiro conseguir deixá-la. Ele não a entendia direito. Enquanto pessoas normais viram a cara para possíveis tentações, ou para alguma coisa que esteja do outro lado da rua, ela não, ela é do tipo de mulher que atravessa no meio dos carros pra ver o que tem do outro lado. Neste instante começou a cair uma chuva dessas de verão, que sempre caem depois do calor. A mensagem na secretária repetia pela terceira vez, ele permanecia no sofá e a xícara de café permanecia cheia. Sentiu o cheiro do café e viu que enquanto vivesse lembraria dela ao sentir aquele aroma. Levantou num pulo, desligou a secretária e pegou o telefone num desses momentos em que as coisas fazem sentindo. Largou a xícara de café, ligou pra ela e disse que estava indo vê-la. Antes de sair, tomou um copo de leite com achocolatado bem gelado e saiu, pensando que se um dia ela quisesse ver o que tivesse além, o que tivesse depois dos carros, que fosse ele esperando por ela do outro lado da rua.