terça-feira, 31 de maio de 2011

Apple Martini

... E mesmo desse jeito a gente aceita.
Aceita que alguém chegue, por puro acidente, e invada a nossa vida. E nos sufoque o silêncio, depois de questionar nossa moral. Que chegue e nos arranque o direito de decorar nosso rosto, nomear nossas pintas e nos beijar os olhos e as pontas dos dedos - E nessa brincadeira, acaba descobrindo a maneira mais eficaz de nos tirar do sério. E tira! Mas a gente aceita. Aceita e permite que alguém venha pra deixar nossa cama menor e puxar nosso edredom. Alguém que chega, e se instala. E se parte, deixa um vazio imenso. Porque dói deixar ir embora. Mas a gente sabe que por ventura dói, e mesmo assim a gente quer. Porque amores começam e acabam, então a gente aceita. Ainda que cheios de marcas. Porque o corpo aprende antes do que a mente que o significado do amor está localizado naquele pedaço do pescoço onde o cheiro não é igual a mais nada no mundo. O corpo sabe, e te ensina a estar sempre próximo. Cada vez mais junto, deixando sobrar apenas um espaço entre dois corpos onde caiba uma verdade absoluta. Isso basta. E exatamente por isso, a gente acaba aceitando que alguém chegue, invada nosso espaço e vire, acidentalmente, o grande amor da nossa vida.

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P.S.: Um dia dos namorados recheado de açucar e de afeto pra todos os casais. (:

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Lar é onde o coração está...


Santa Lúcia me acalma. Santa Lúcia caos me acalma. Santa Lúcia foi o começo de muita coisa pra mim. O começo de muita vida, de idas e vindas, de milhares de textos e de grandes descobertas.
Santa Lúcia me dá, todo dia, estranhos que não me pertencem e famílias centenárias, que estão aqui antes mesmo de Santa Lúcia existir. Eu mesma, estou aqui há muito (do meu) tempo. Misturada entre meus vizinhos solitários e as putas e loucos do bairro. Cresci por aqui, observando a diferença gritante da minha ponta da Av. Rio Branco com a ponta de lá da Praia do Canto. Do lado de cá, ainda tem carroça na rua, botecos de esquina, poucos prédios altos e uma vista (quase) linda de morros e casinhas de madeira, que me despertam sensações etéreas e eternas.Sou apegada a essas coisas, porque foram elas que me criaram, junto com as paredes que me cercam e o cheiro do meu quarto. Então não estranhem se um dia eu afirmar, sem dúvida alguma, que o umbigo do mundo é a minha rua.