segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Fome

Me lembro de ter tido a ilusão de que 2012 seria doce. Dois mil e Doce. Não foi. E agora que andam dizendo que 2013 será crazy, prefiro mesmo é que também não seja. Que seja, na verdade, manso e que não exija muito além do que a cabeça, o tronco e uma rebolada mensal pra conseguir sobreviver. Muita coisa azedou no ano que se foi e arrancou de mim a necessidade de aceitação. Tudo aquilo que eu não queria aceitar, desceu a seco pela garganta, fazendo questão de machucar as laterais da minha goela. Como a colher de remédio amargo que a criança toma desesperada porque sabe que precisa.

Aceitar é preciso. Azedar é preciso. 

Screen_shot_2013-02-18_at_7.05.21_am_largeMas deixemos o que já azedou para trás. E nos lancemos novamente na procura pelo que é doce, pelo que é belo. Mesmo que por pouco tempo. Feito a fruta madura, que uma hora apodrece. Feito seres belos, que também apodrecem. Que seja essa a missão, aceitar o azedo pra conseguir continuar com a busca pelas coisas adocicadas que a vida tem pra nos oferecer. 

Venha transbordando mel, 2000 e Crazy. Porque meu apetite sempre foi voraz. E depois de adulta ele se espalhou por todos os cantos. Fome de trabalho. Fome de sucesso. Fome de felicidade. E o coração, igualmente faminto, me exige paz. Venha com cheiro de frutas, com cara de gente bonita, e azede devagar, apodreça aos poucos e se vá. Porque a fome é grande e tudo isso que transborda, precisa se alimentar.