quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

E você que se vire com isso...

“Cada voto que fiz ergueu-se em grito contra o meu próprio dar demasiado.”
[Vinicius de Moraes]


Olhar pra frente e ver o mundo indo e decidir ir também. Cada um tem seu problema, isto é certo. Mas problema maior é ficar parado. Estacionado em uma situação que não te leva mais a lugar nenhum. Que não lhe permite tirar mais nada de proveito. E ter a certeza disso nem sempre é tarefa fácil. É preciso maturidade pra seguir em frente e acompanhar o fluxo do mundo que bem ou mal, vai. Uma maturidade que nos força a nos afastar de situações de risco (principalmente pro coração) mesmo quando um lado nosso bate o pé no chão – como criança- e repete incansavelmente que quer. E ainda temos que lutar contra a vontade de passar por cima da regra de ouro e ir com tudo pra cima sem medir conseqüências. É preciso caminhar pra dentro e reconhecer-se, pra conseguir caminhar pra fora sem medo de cair, ou mais ainda, pra ter inteligência pra prever o tombo. Eu não previ meu tombo, mas também não tive medo de cair. E agora que me preparo pra levantar sinto que me minha cabeça não sabe nada, mas o meu corpo sabe exatamente onde dói. E travo uma luta interna com essa maturidade que julgo ter. Porque me questiono quando que ficar sozinha em casa no sábado virou um programa agradável. E mais ainda quando o agradável, pra mim, ganhou peso menor do que o necessário. Acho que foi quando tudo começou a virar um cenário patético demais para que não fosse mudado. Tudo tão demasiadamente ridículo que senti uma saudade imensa da época em que curava meus problemas com insônia, madrugadas regadas a litros de café, jazz e textos no blog. E por isso, hoje, escrevi versos, parágrafos e transformei tudo em texto. Recordei frases feitas, olhares perdidos, momentos de silêncio e vi que durante um tempo, deixei um lado valioso meu de lado. Revirei livros já lidos, recomecei aqueles que já comecei uma dezena de vezes mas nunca terminei - como quem tentasse resgatar o que ficou. E sem conseguir mais me conter, escrevi sobre você. Porque é só quando te transformo em letra que te sinto de verdade. Não como ser presente, mas como lembrança viva de tudo o que não fomos. Acontece, que o mundo vai e eu preciso ir. Mesmo que o lado que bate o pé como criança querendo ficar esteja me deixando louca e transformando numa tarefa árdua caminhar pra frente sem olhar pra ver o que ficou pra trás. Mas o mundo vai e eu também preciso ir, querido. E você que se vire com isso...

4 comentários:

Unknown disse...

AMMMMMMMMMMMMMMMMMMEEEEEEEEIIIIIIIIIIIIIII!!!!!!!!!NOSSA QUASE CAI DURA QUANDO FUI RELER O LEI COM ACHOCOLATADO E TINHA OUTRO JÁ!!!!CLARO CADA VEZ MAIS UM MELHOR Q O OUTRO!!POSTEI NO MEU ORKUT UMA PARTE NAO AGUENTEI!HEHE

BJOSS AMO!

Unknown disse...

Amore ... adoreiiiii, show de bola. Tudo de bom esse texto...tudo haver. beijão.

Shayene Machado disse...

Trechos que tocam:
"É preciso caminhar pra dentro e reconhecer-se, pra conseguir caminhar pra fora sem medo de cair, ou mais ainda, pra ter inteligência pra prever o tombo."

"E sem conseguir mais me conter, escrevi sobre você. Porque é só quando te transformo em letra que te sinto de verdade."

Toque: Ato ou efeito de tocar. Contato.O som produzido por uma pancada. O ato de tocar um instrumento de música. O som que dele se tira. Aperto de mão, em sinal de cortsia. Meio de conhecer ou de experimentar.

Ao teinar de ler o seu texto me senti tentada a procurar no dicionário a definição da palavra "toque". Selecionei algumas definições:

Toque: Ato ou efeito de tocar. Contato.O som produzido por uma pancada. O ato de tocar um instrumento de música. Aperto de mão, em sinal de cortesia. Meio de conhecer ou de experimentar.

Pois bem, depois de ter lido essas difinições eu conclui que seu texto é tocate. Tocante porque é capaz de tocar profundo.Tocante porque a sensação que se sente ao terminar a leitura é similar ao som produzido por uma pancada; uma pancada que nos faz no minimo refletir e sair renovado da leitura. Tocante poque toca o coração assim como o som dos instrumentos da música preferida de alguém. Tocante porque é como um verdadeiro aperto de mão; aliás, chega a ser um abraço apertado. Por fim, tocante porque permite aos leitores um conhecimento, mesmo que parcial, de uma alma dotada de sensibilidade e de percepção do cotidiano.

Contudo, afirmo: a cultura pode até ser impura mas dá pra sentir pelo toque que o coração é puríssimo! Um encanto repleto das sutilezas das pequenas coisas, repleto de detalhes que passam batido por milhares de olhos objetivos, treinados, efêmeros. No entanto, para quem tem olhos de ver, é impossível não notar a pureza de cada sentimento expresso em letras, explícito por palavras e disposto em períodos estagnados no plano das subejtividades.

sem mais palavras.

Unknown disse...

com toda a certeza tem muita relação... obrigada!.. suas palavras até se assemelham às minhas; escrever é sempre um ótimo remédio!
bjuuu