sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

2010 então...

Passamos o reveillon querendo milhões de coisas mas o ano seguinte sempre chega sem muitas mudanças. E quando acordamos, toda vontade de mudar o mundo já acabou. É 1º de janeiro e quero mesmo andar sem rumo, cega, chorando angustia, colecionando sorrisos e conhecendo novos lugares. Preciso rir mais e esquecer um pouco os problemas. Pra poder deixar de ouvir o eco das palavras vazias. E deixar de seguir um padrão político e social que não combina nada comigo.Por enquanto, tento não me sufocar com a vida que levo. Mas talvez, um dia, eu bata minha cabeça inúmeras vezes na parede, até trocar a cegueira por aprendizado. Nada de utopias. Simplesmente não me encaixo ao lugar a que pertenço, não combino com nada, nem ninguém por aqui. Só que eu aprendi cedo a gritar, a defender minhas verdades e a olhar além, sempre além. Acontece, que no meio de tantas meias palavras e tantas besteiras ditas com exacerbada importância, quem acaba se calando sou eu. Me calo e me recolho à solidão do meu quarto e dos meus livros. E a solidão - que costumo detestar tanto quanto a quietude - passa a ser maravilhosa, essencial, rara e me faz recuperar a força! Sonhar em encontrar uma forma de libertar de mim os bons costumes e o grito preso na garganta. E manter ao lado aqueles que aceitam meu falatório compulsivo, meus bicos, minhas péssimas piadas, minhas sobrancelhas franzidas por pouca coisa (por quase nada), minha gargalhada absurdamente alta e minha confusão desajeitada.
Por isso escrevo. Escrevo e consigo traduzir a parte de mim que fica escondida. Traduzo a parte que sou quando as coisas não vão bem, a parte que fala alto, gesticula e que pensa que não há nada mais aprisionador do que uma junção de crenças inúteis e falsos valores morais.

Um comentário:

Star disse...

Concordo com tudo que vc escreveu. E consegui sentir sua angustia como se fosse uma amiga proxima que me escrevesse...

Muito bom!!!