sábado, 7 de agosto de 2010

Substituições

Sexta-feira à noite e eu estava em casa. 11 da noite, cama. Sábado de manhã eu teria que trabalhar. Na verdade, treinar um professor novo que estava entrando no lugar de um antigo. Quando me avisaram que tinham mudado o professor, a primeira coisa que pensei foi:

- Sério que o professor gato saiu?! - Tenho certeza que todas as alunas dele iriam pensar a mesma coisa quando descobrissem.

Fiquei um pouco decepcionada. Mas minha decepção, segundos depois, foi substituída por uma preocupação misturada com uma dose extra de intimidação. O professor que estava chegando tinha 14 anos de experiência em sala de aula!

- E eu teria que treiná-lo? - Mas um cara que tem 14 anos de experiência deve ser, no mínimo, velho (ora,bolas!).

Era torcer então para que fosse um coroa sedutor com pinta de Richard Gere. Tá, com pinta de Zé Mayer, porque também não da pra botar o professor antigo no patamar do Richard Gere (e quem dá?!). Só assim, as alunas, não notariam a troca de professores. E eu me preocupo muito com o andamento dos estudos dos meus alunos. Então achei que seria justo que no currículo do professor novo tivesse um item a mais a ser considerado: “modelo e manequim”.

Sábado de manhã. Um frio seco de congelar os dedos dos pés. E eu acordei antes do despertador tocar. Escolhi uma roupa que me deixasse com a aparência mais velha e profissional. E pensei em como eu ia fazer pra lidar com aquela coisa de não poder contrariar os “velhos sábios”.

- Ai de quem ousar saber mais do que eles!! - É chumbo grosso...

Chegando na escola, vi que ele estava de costas enchendo um copo dágua no bebedouro.

- Baixo e muito branco - Foi a primeira coisa que pensei.

Olhando mais um pouco percebi que ele estava usando roupa social e que a blusa verde pastel que estava usando começava a exibir umas manchas em um tom de verde escuro denunciando a sudorese escondida por trás delas.

- Ew ew ewwww!

Não sei como estava a minha cara na hora que ele virou. Mas se eu tinha conseguido manter discreto o que eu estava pensando. O esforço com certeza foi em vão. Porque depois que ele virou, percebi exatamente a cara de desespero que eu tinha feito. Foi involuntário (juro!).

Desviei o foco quando os alunos começaram a chegar. Em sala, expliquei o passo- a- passo do método pro novo professor como se ele fosse um iniciante cabeça de vento. Isso porque eu estava tão nervosa tentando desviar os olhos das marcas de suor na camisa dele que fui falando mecanicamente o que aprendi sobre o método. Mas foi ai também que comecei a relaxar – em relação à quantidade de experiência dele, não da camisa suada. Apesar de eu estar o tratando como um acéfalo, ele estava prestando atenção em tudo que eu estava falando. E de forma humilde seguiu os meus passos no decorrer da aula. Me senti bem. Inteligente. E competente.

- Pô, são 14 anos de experiência em escola de inglês! - E sabe-se lá quantos anos de experiência em ausência de beleza...

Mas acabei me conformando com a troca e prestando atenção na forma dele trabalhar. Não tinha como negar que era de fato um professor competente. E até carismático, da forma dele, claro, meio esquisito, mas era. O que o ajudou, mesmo depois de escutar algumas reclamações, a conquistar a ala feminina da turma.

Voltei pra casa, dando risada sozinha dentro do carro por conta da situação, mas satisfeita. No final das contas, se soubermos crescer e aprender com a vida e com as pessoas que passam por ela, todo o resto se tornará fútil e não precisaremos de mais nada.

- Mas vai, trabalhar com um sósia do Richard Gere não atrapalharia em nada, né?!

4 comentários:

Gueixa disse...

Bem...com um sósia do Richard Gere eu não sei.
Agora se fosse um do George Clooney....atrapalharia e muito.
Bj

FABINHO disse...

Vc é foda garota...rs
Continuo teu fã. Continue assim, sensível.

Victor Athayde disse...

bem, torço para que ele desconheça seu blog.

Lilla Mattos disse...

hahahahahahah Eu tbm torço!!!