sábado, 20 de fevereiro de 2010

Presente de aniversário!

Ontem fui na casa dos meus avós comemorar com eles o meu aniversário que está próximo. Minha avó, agitada e ansiosa, me deu seu presente logo quando cheguei. Já meu avô, velhinho e extremamente calmo, não me deu nada. Ao invés disso, sentou do meu lado e começou a conversar. Pensei em como meus avós são pessoas diferentes e perguntei a ele como eles conseguiam manter um casamento há tantos anos. Me olhou meio de lado, sem entender direito o motivo da pergunta, e contou que certa vez foi ao supermercado e viu um pêssego “vistoso”, grande e que aparentava extremamente suculento. Por ser sua fruta preferida, ficou ansioso pra comê-la. Procurou na pilha outro tão bonito quanto aquele e não encontrou. Comprou então o pêssego suculento e um outro que além de menor, não tinha o mesmo aspecto do primeiro. Em casa, lavou a fruta e quando já estava com a faca na mão, desistiu. Trocou pelo pêssego menor, deixando o outro na geladeira para minha avó, mesmo sabendo que ela nem ligava tanto assim pra pêssegos.

Terminada a história, vovô se levantou – com a cara sorridente - e saiu. E me deixou ali, sozinha, pensando mais naquela cara sorridente do que nos pêssegos em si. Isso porque aquele sorriso me fez resgatar lembranças da época em que eu morava com ele. Era o mesmo sorriso que estampava seu rosto quando eu e minha irmã éramos crianças e adorávamos ouvi-lo contar a história do “Joãozinho canelinha de ferro” – que ele mesmo havia inventado. Ele era mais forte naquele tempo, fazia exercícios, e sempre nos levava junto quando ia caminhar na praia. Durante o percurso o repertório era o mesmo, a gente pedindo e ele contando a história do menininho que tinha canelas de ferro. E no final a gente sempre ganhava um dinheirinho para o picolé.

Alguns minutos depois vovô voltou. Me viu deitada no sofá, assistindo TV e ele, magrinho, achou um lugar para se sentar ao meu lado. Olhou para mim com a mesma cara sorridente: “Me faz um favor?” - falou, pegando alguma coisa no bolso. “Faço vô, pode falar”. Respondi já imaginando ter que ir à padaria comprar um refrigerante ou coisa parecida. “Toma o dinheirinho do picolé e compra um presente pra eu te dar de aniversário?”. Disse com a cara mais marota que se pode esperar de um senhor de quase 80 anos.

O dinheirinho do picolé se transformou numa blusa linda que fiz questão de mostrar para ele: - Aqui, vô, o presente que o senhor me deu!.

- Ihh! Boniiita!

Meu avô é mesmo uma gracinha... ^^

* Réplica das assinutaras do meu avô e da minha avó.

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