
4 e meia da manhã. Ela tem esse jeito de só funcionar em alta velocidade e reclama constantemente que precisa de um pequeno caos interno pra poder conseguir escrever. E escreve compulsivamente. Escreve no blog e tenta escrever um livro. Eu a encorajo sobre o livro embora nunca leia o blog dela. Tenho medo do que ela escreve lá. Reclama que não dou a ela o suficiente. Mas eu não digo que ela não precisa daqueles vestidos floridos cheio de cores pra chamar atenção, pra que ela não ache que estou falando mal das roupas dela. Não reclamo quando ela exagera na maquiagem. E nem quando abusa daqueles decotes. O que me deixa louco de ciúmes e raiva, mas não falo. Me esforço pra tentar convencê-la a parar de fumar porque me preocupo com a saúde dela. Na hora de dormir, reclama do mau tempo e do ar condicionado e pede pra desligar o ar e abrir a janela, eu deixo. Depois reclama do barulho do trânsito e fecha a janela. Transforma o quarto numa estufa. E o calor insuportável atrapalha meu sono, me faz rolar por horas na cama até conseguir dormir. Não falo que é estranho ouvi-la falar sobre futebol e nem rio das besteiras que ela fala quando é este o assunto. Aceito seu jeito expansivo e a forma como fala alto e gesticula e me faz sentir invisível quando estou com meus amigos, porque ela fala demais e arranca gargalhadas deles, sem deixar espaço para mais ninguém. E ela diz que não faço o suficiente! Diz que gosta das coisas pequenas. Mas eu não consigo entender o que essa mulher pode querer mais. Tá ai, agora, dormindo. E eu aqui parado na porta do quarto. Tentei ir embora. Porque ela não merece que eu atrapalhe sua vida e suas coisas e nem minha quietude voluntária, nem meu jeito próprio de respeitar seu barulhento andar pela casa. Mas a porta estava aberta e do corredor pude vê-la dormindo, com a franja jogada no rosto e essa calma absurda que só aparece quando ela dorme. Não consigo parar de olhá-la. E é nesse momento de paz onde eu posso ficar em silêncio que ela fica mais bonita. Ela diz que ama as coisas simples da vida. Porra nenhuma! Está sempre querendo um pouco mais, sempre falta alguma coisa. A verdade é que quem gosta das pequenas coisas sou eu, que só quero ficar aqui olhando para ela dormindo e imaginando o que dizer amanhã quando ela vier com alguma historia maluca dizendo que está indo embora pra outro país ou voltando pra casa da mãe.
5 comentários:
desculpe o palavrão, mas ta Fooda!!!
Acho que não vou fazer mais comentarios no teu blog. Me emocionei, uhsauhsahusa!!!
Bom, enfim, é isso.
Tá aí, aparente, percebe?
É isso. Tá escrito.
Adorei.
CÃO DE GUARDA DO SONO DA AMADA
“Amar, além de muitas outras coisas, quer dizer deleitar-se na contemplação e na observação da pessoa amada”, sopra o velho escritor Alberto Moravia, sempre aqui na cabeceira...."
http://carapuceiro.zip.net/arch2009-09-13_2009-09-19.html
Belo texto, Lívia
Bjao, Miss MM
Muiiito bom!:)
Bjos!
Não é em vão que fazes letras XD. Ainda me questiono sobre a realidade dessas coisas. Mas no final o que é uma história se não uma realidade da mente do autor!
Já era um fã sem "ler-te"! Apenas confirmou mais um na lista de pessoas que pretendem voltar muito mais vezes aqui
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