quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Sobre um sorriso, um global e dedos dos pés contraídos


Por trás de um blog sempre existe a eterna desculpa da ficção (e eu até que abuso bastante dela - da ficção). Mas hoje resolvi escrever abertamente sobre mim. E sobre uma amiga - que por não ter me dado permissão pra falar sobre ela, será protegida pelo anonimato. Isto porque não saberia descrever o que aconteceu por via de algum personagem. E também não queria criar ou rebuscar nenhum detalhe. Portanto só poderia ser eu mesma a personagem principal dessa história. Eu e minha amiga protegida pelo anonimato.

Tentei ficar o mais bonita possível – apesar de ter me recusado a trocar os óculos pelas lentes de contato - e dei o melhor de mim para um dia de domingo. Domingo a noite não costuma ser o momento ideal parar sair, mas la fomos nós pra rua. Buscar um pouco de samba e diversão. Mesmo a cabeça tendo andado pensando muito na imaturidade desajeitada de um músico que cruzou a minha vida, o coração anda admirando - entre umas festas e outras - o sorriso de um novo rapaz. Isto, porque quando ele sorri, meu corpo responde de forma estranha. Pura atração, eu sei, mas foi a busca por esse sorriso, somado à companhia imprescindível das amigas, que me deixou ansiosa pra entrar de uma vez naquela festa.

Lá dentro estava um formigueiro de gente se espremendo e tentando à cotoveladas abrir algum espaço para sambar ao som da bateria da Jucutuquara. Eu, que não sei sambar, fui caminhando colada na minha amiga, aceitando - apesar da dor - as pisadas no dedinho do pé e os esbarrões na boca do estômago. Em pouco mais de 15 minutos todo o esforço que eu tinha feito para ficar o mais bonita possível para uma noite de domingo tinha ido por água abaixo. O suor fazia meu cabelo colar no pescoço e a maquiagem escorrer por de trás dos aros dos meus óculos. O que não acabou com o meu ânimo, mas me deixou com medo de encontrar perdido por la o dono do sorriso que eu tinha ido procurar. “Vamos fumar um cigarro?” – convidei minha amiga, que nesta altura já estava de pés no chão, cabelo preso em coque no alto da cabeça e pedindo que a passista da escola de samba a ensinasse alguns passos. - “E olha que não bebi nem uma gota de álcool pra não sabotar a dieta” – Dizia ela pra mim, aceitando o convite pra fumar um cigarro.

Pelo menos nisso essa nova lei antitabagismo estava ajudando, afinal, pra fumar agora tem que ir pro lado de fora da boate. E seria este o momento que eu teria pra tentar recuperar o fôlego e voltar a procurar o menino de sorriso largo que faz meu rosto corar e meu dedão do pé se contrair dentro do sapato toda vez que o vejo. Estava distraída, fumando um cigarro com gosto de culpa (porque estou tentando parar), penteando os cabelos com os dedos e imaginando que talvez fosse melhor desistir. Ele tem o sorriso bonito, mas vive num mundo onde legal mesmo é essa coisa de não se apegar a ninguém e ser de todo mundo ao mesmo tempo. De repente, num grito, minha amiga chamou minha atenção “Joga o cigarro fora, se arruma e vamos entrar. Olha quem está ali?” – Vinha entrando um desses atores Globais que por onde passa causa um reboliço entre as mulheres e um burburinho entre os homens.

O Global entrou, e nós entramos atrás. Engraçado observar como as mulheres mudavam a postura e balançavam exageradamente os cabelos quando ele passava por perto. Pareciam concorrentes de um concurso estilo “Garota samba no pé 2009” e ele – o Global – seria o jurado que determinaria a ganhadora. Mas por sorte de minha amiga, e minha também (não vou negar que também quis dar uma olhadinha no global), ele parou no camarote bem perto ao nosso. A música estava boa, a companhia inigualável e a noite divertida. Minha amiga exalava alegria pelos poros, além do cheiro gostoso de perfume doce. E pude perceber pelo jeito que ela olhava pra ele, que naquele momento o dedão do pé dela também se contraía dentro do sapato. Foi quando de relance, quase que por uma coincidencia do destino, vi passando la longe o sorriso que eu procurava. Extremante galanteador. Talvez não aos olhos de qualquer pessoa, mas aos meus, um galanteador que parece saber jogar bem as cartas que tem na manga. E ficamos as duas ali ficcionadas, paradas no primeiro degrau da escada de Platão (que deveria estar se revirando no caixão uma hora dessa) atiçadas pela fantasia de querer se relacionar com alguém que tenha esse "quê" de impossível, de fora do alcance. Não porque andamos por ai catando o papel do chiclete que eles jogaram no chão. Mas porque é estimulante.

No fim, minha amiga conseguiu. Uma olhada e um sinal. O que pra ela bastou, afinal, ela exala um cheiro doce, samba de pé no chão e não participa de nenhum concurso estilo "Garota samba no pé 2009". Portanto ele que se virasse. E eu? Até tentei. Procurei pelo salão quem eu queria encontrar, mas o esforço foi em vão. Primeiro pensei em processar Murphy e os Deuses por danos morais. Depois achei que estava louca, mas lembrei que eu sempre fui assim e que as coisas são porque têm que ser. Pensei até em esquecer de vez essa historia. Pura atração, eu sei. Mas acontece, que quando ele passa na minha frente e sorri, meu corpo responde de forma estranha. Meu rosto fica corado e meus dedos se contraem no fundo do sapato...
Antes eu tivesse escolhido o global.

3 comentários:

Unknown disse...

ok que sabotar a dieta vc ja me denunciou!uahahua amei!!lei de murphy!!gente vc fala o que eu penso faz o que eu faço!!!

ADORO!!!!OUTRO OUTRO!

Unknown disse...

Adoreiiiiiii conheço essa desconhecida!!!rsrsrsrssr

Lilla Mattos disse...

eu tendo tanto cuidado pra mante-la no anonimato e ela vem aqui e se denuncia... hahahahahahah beijo Girls