quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Tangerine, tangerine..


"I only find it slips away to grey..."


 Mas acaba que fica tudo certo no final, acaba que sempre surge um jeito. Ainda que seja como o meu cachorro que torce o pescoço pro lado e abaixa levemente o olhar quando quer carinho. É o jeito que ele dá. Por hora, isso é tudo o que ele precisa. 
E quando, no fim do dia de uma terça como outra qualquer, meus amigos me fazem falar sobre coisas que eu já nem me lembro mais, tudo parece ficar um pouco cinza. É que a gente acaba por esquecer, ainda que certas obviedades nos gritem aos ouvidos verdades inquestionáveis - dessas que a gente nunca presta muita atenção. 
Todo mundo sabe que não da pra sair correndo se quiser evitar o tropeço. Sabe que é melhor não falar nada quando não se tem nada pra dizer. E que, supostamente, não há sintonia em coisas dissonantes. Parece tudo tão obvio. E a gente teima em esquecer. Parece óbvio, e eu teimo em esquecer! 
Talvez, tudo o que eu preciso é aprender com o meu cachorro. Deixar a hiperatividade constante de lado, torcer o pescoço e abaixar o olhar. Só isso. E pensar que no final tudo fica um pouco cinza, mas ficam também algumas lembranças e boas trilhas sonoras. Ou apenas páginas em branco e frases soltas que tentam se esconder atrás do cheiro de tabaco misturado com perfume que fica nas pontas dos dedos. Porque isso é o que mais comove, musica e cheiro. O resto, todo o resto, escorre pelos poros e vai embora pelo ralo. Sobram apenas cds, livros, fotos amareladas, algumas lagrimas e cheiros. Like Tangerine que diz que it slips away to grey... Mas hoje eu aprendi com o meu cachorro a torcer o pescoço pro lado e abaixar levemente o olhar pra pedir carinho. E por hora, isso é tudo o que eu preciso saber.

"...Ninguém tem obrigação de satisfazer ao teu desejo pela simples razão de que você supõe que teu desejo seja absoluto. Foda-se seu desejo, ora!" (Caio F[ucking] Abreu)

Nenhum comentário: