sábado, 29 de outubro de 2011
O tempo engatinhar. Do jeito que eu sempre (te) quis
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Something is about to change
Domingo à noite. Suspiro bebendo cerveja enquanto escuto as chansons de Edith Piaf e penso o quanto a vida está pra mudar. Vou ter um quadrado no mundo onde todas as coisas serão possíveis. Meu quarto. Eu tenho sonhos demais pra essa casa. E tenho medo de quando eu tiver a minha própria janela, onde eu possa, com as contas do fim do mês na mão, reclamar da minha vista bege. Essa hora chega baby, chegou. E a certeza infantil, no auge dos meus 22 anos, de que tudo dará certo no final. Porque tem que dá! Só por isso. E uma vontade de engolir o mundo... Mas não vou engolir. Vou tomar com café. Porque de vez em quando, aqui nesta casa, o ar me escapa. E é como se eu quisesse pegar o ar la no fundo, e não viesse nada.
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Tangerine, tangerine..
"I only find it slips away to grey..."
E quando, no fim do dia de uma terça como outra qualquer, meus amigos me fazem falar sobre coisas que eu já nem me lembro mais, tudo parece ficar um pouco cinza. É que a gente acaba por esquecer, ainda que certas obviedades nos gritem aos ouvidos verdades inquestionáveis - dessas que a gente nunca presta muita atenção.
Todo mundo sabe que não da pra sair correndo se quiser evitar o tropeço. Sabe que é melhor não falar nada quando não se tem nada pra dizer. E que, supostamente, não há sintonia em coisas dissonantes. Parece tudo tão obvio. E a gente teima em esquecer. Parece óbvio, e eu teimo em esquecer!
Talvez, tudo o que eu preciso é aprender com o meu cachorro. Deixar a hiperatividade constante de lado, torcer o pescoço e abaixar o olhar. Só isso. E pensar que no final tudo fica um pouco cinza, mas ficam também algumas lembranças e boas trilhas sonoras. Ou apenas páginas em branco e frases soltas que tentam se esconder atrás do cheiro de tabaco misturado com perfume que fica nas pontas dos dedos. Porque isso é o que mais comove, musica e cheiro. O resto, todo o resto, escorre pelos poros e vai embora pelo ralo. Sobram apenas cds, livros, fotos amareladas, algumas lagrimas e cheiros. Like Tangerine que diz que it slips away to grey... Mas hoje eu aprendi com o meu cachorro a torcer o pescoço pro lado e abaixar levemente o olhar pra pedir carinho. E por hora, isso é tudo o que eu preciso saber.
"...Ninguém tem obrigação de satisfazer ao teu desejo pela simples razão de que você supõe que teu desejo seja absoluto. Foda-se seu desejo, ora!" (Caio F[ucking] Abreu)
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Billieoscopia
Aos 16 anos, em noites assim, eu ouvia essa música impunemente, jogando fumaça pro alto e procrastinando o horário de estudo. Resolvi repeti a dose. Um dia morro disso, mas prefiro acreditar que é o cigarro...
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Leia-me
"Não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha à mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar" Caio Fernando Abreu
Esquece todos os que vieram antes. Todos os textos escritos. Toda gente que acabou virando texto. E deixe que eu te faça invadir o meu papel. Pra eu saber que não tem mais jeito. Porque eu sou assim. Eu tenho essa mania de querer colocar minha assinatura em tudo o que eu quero ter certeza de que existiu. Tome esse texto como se fosse o primeiro, pra que eu ache que virou fato documentado. Me deixe destilar letras, até que eu não saiba mais o que sou eu e o que é palavra. Porque eu vou gostar e deixar de gostar destas sílabas ainda um milhão de vezes. Vou escrever textos de páginas inteiras e depois sair correndo. E só voltarei aqui aos poucos. Após reaprender a me decifrar em palavras - como masoquista que sente prazer quando dói. Afinal, literatura precisa causar alguma sensação, senão não serve pra absolutamente nada.
Então deixe que eu te escreva, mais uma vez, como se fosse a primeira vez. Deixe que eu escreva sobre mim, sobre você, ou sobre qualquer um que tenha vindo antes. Te reconheça em minhas linhas, ainda que seja nas mais tortas delas. Mas te ache. Em vísceras, em letras, em tripas, na alma e nas palavras escondidas em baixo das minhas dobras. Seja como ficção, ou como sentença gramatical eternizada. Mas reconheça-te por aqui. E entenda que há em mim uma necessidade vital de escrever. Não como quem escreve pra existir, mas sim como quem precisa disso pra poder ter a certeza de que vai conseguir resistir.
Então deixe que eu te escreva, mais uma vez, como se fosse a primeira vez. Deixe que eu escreva sobre mim, sobre você, ou sobre qualquer um que tenha vindo antes. Te reconheça em minhas linhas, ainda que seja nas mais tortas delas. Mas te ache. Em vísceras, em letras, em tripas, na alma e nas palavras escondidas em baixo das minhas dobras. Seja como ficção, ou como sentença gramatical eternizada. Mas reconheça-te por aqui. E entenda que há em mim uma necessidade vital de escrever. Não como quem escreve pra existir, mas sim como quem precisa disso pra poder ter a certeza de que vai conseguir resistir.
"Escuta bem, vou repetir no seu ouvido, muitas vezes: a única coisa que posso fazer é escrever, a unica coisa que posso fazer é [te] escrever..." Caio Fernando Abreu
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