sábado, 1 de agosto de 2009

Por que não me avisou antes, Aristóteles?!

Ontem fez noite de chuva. Odeio chuva. E como de costume, estava sem sono. Ando me sentindo muito sentimental. O que é perigoso. Mulher fica burra quando está sentimental. E pra completar acabei de entrar na TPM. Mais burra do que mulher sentimental em época de TPM, impossível! E já que mais uma vez eu iria fazer companhia às longas horas da madrugada, fui procurar algo pra ler. Eu estava tão agitada, tão ansiosa, e tão sem motivo pra isso que decidi que naquela noite de insônia não sentiria nem cheiro de café. Precisava era ler algo menos existencial, menos romântico, menos poético, menos maldito, menos boêmio, menos Caio Fernando Abreu, menos Bukowski, menos Gabriel Garcia Marquez, menos Nietzsche, menos Álvaro de Campos (F. Pessoa), menos Dostoievski e principalmente menos Vinicius. Reneguei todos os meus grandes ídolos. Precisava de algo que fortalecesse meu racional e não meu emocional. E por isso, só por isso, resolvi ler um pouco de Aristóteles. Há quem diga que todo intelectual que se preze já leu Aristóteles, Platão e companhia ateniense, grega e macedônia limitada. Não sou intelectual. Nunca li nenhum deles - Confesso. Nunca tive muita paciência, na verdade. São filósofos, cientistas, físicos, teólogos, professores, pintores, escritores e sabe-se lá mais o quê, tudo ao mesmo tempo. Informação demais pra mim. Na minha cabeça (e dentro da minha ignorancia no assunto) tudo se resume na tentativa de provar que a salvação do mundo está na razão. Ontem, eu, que não uso a razão pra nada, resolvi encarar. E com o nariz meio torto comecei a dar meus primeiros passos rumo ao momento mais intelectual da minha vida. Li sobre a relação entre Aristóteles e Platão, sobre a moral, a teologia, política, psicologia e mais um monte de coisa que eu só passei o olho. E acabei encontrando algo que realmente me inspirou. Despertando todo o sentimentalismo que eu tinha deixado de lado naquela noite. Aristóteles disse: "o ideal do amor é a amizade em excesso". Meu coração até bateu mais rápido. Fiquei alguns minutos digerindo essa informação, e teria ficado mais alguns se os malditos pingos de chuva batendo na janela não tivessem me distraído (queria saber quem foi o asno que disse que barulho de chuva ajuda a dormir). Quis continuar lendo, na expectativa de encontrar nas palavras de um filósofo que a salvação do mundo era o amor e não a porcaria da razão. E depois de algumas horas nessa medida de um pra um - um parágrafo chato pra um parágrafo sensacional – descobri que no fim da vida Aristóteles, como um belo de um vira-casaca, disse: "amigos, não há amigos"! Meu estomago revirou, minha cabeça pesou, a ansiedade ressurgiu como um furacão e a maldita TPM me fez sentir vontade de chorar. Desliguei o computador e fui deitar. Sentimental, burra e de TPM. Por que não me avisou antes, Aristóteles?!

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que a gente lê os mesmos livros. Aristóteles não serve para acalmar, nem Platão, já vou avisando. Só endoida mais. Não sei se algo que valha a pena ler possa acalmar, acho que vai acabar semprendo perturbando um pouco, pra melhor ou pra pior.

P.S.: obrigado pelo comentário. Eu devo confessar que sou bem tímido e escrever aquela frase foi complicado mas... enfim, muito verdade =)