segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A voar, a voar, a voar!

"Ela lhe contou histórias, ele a ensinou a voar..."


Me lembro de ter me apaixonado loucamente, quando criança, pelo Peter Pan. O do desenho animado mesmo. Com aquele nariz torto e ar tinhoso! Adorava o fato dele não querer crescer, o que – na minha cabeça de criança - significava dizer que ele teria pra sempre a minha idade. Sim, eu achava que seria eternamente criança. Peter Pan era valente e engraçado. E conseguia voar. Mas era daquele nariz torto e daquele jeito tinhoso que eu gostava! Eu ficava ali, vidrada na televisão, me imaginando no lugar da Wendy, vivendo um romance com Peter, querendo, mais do que ter uma babá como a cachorra Naná, dar uma bica na Sininho e morrendo de medo do Capitão Gancho – que naquela época era um personagem malvado e não um antecedente mal feito do Jack Sparrow.

O tempo passou e outros narizes tortos e ares tinhosos foram aparecendo na minha vida. Alguns deles até me fizeram achar que podia voar. Mas, como que por uma maldição lançada por um Peter Pan ciumento que ficara esquecido no meu passado – eles também não queriam crescer. À medida que eu ia crescendo (não só no tamanho) os meus Peters insistiam em se manter infantis e rodeados de garotos perdidos. Isso quando não resolviam viajar até a ‘segunda estrela à direita, direto até o amanhecer’ ou sabe-se lá pra que parte do mundo. E exatamente como a Wendy, que no filme opta em deixar seu amor pra crescer, eu tive que os deixar para que eu pudesse crescer.

Alguns anos mais tarde, assisti novamente ao desenho. E, sem a inocência que eu tinha quando criança, descobri que Peter queria mesmo era que a Wendy pudesse fazer o papel de mãe e contasse histórias para ele e os garotos perdidos. E que seu grande amor na verdade era a Filha duma p*** da Sininho. Não preciso dizer que a vontade de dar uma bica na fadinha, que eu tinha quando criança, triplicou depois disso! Era o fim. Declarei morto e enterrado o meu romance secreto com Peter Pan. Ele que ficasse lá pela Terra do Nunca e me deixasse em paz!

E assim ficou até ontem, quando o menino maroto de nariz torto reapareceu na minha televisão. Desta vez, na continuação do filme – Peter Pan, de volta à Terra do Nunca – que eu nunca tinha visto. Eu sabia que existia uma versão hollywoodiana do filme, mas nunca tive muito interesse em assistir. Agora, que existia uma continuação em desenho, com aquele mesmo Peter de desenho animado antigo e com a roupa com uma nuance só de verde, exatamente como o da minha infância, eu não sabia! Confesso que meu coração bateu entusiasmado quando reencontrei, sem que eu esperasse, Peter Pan. O mesmo entusiasmo que a gente sente quando reencontra um amor do passado e fica curioso pra saber pra onde a vida o levou.

Assisti colada na televisão, da mesma forma que fazia quando criança. O filme tem uma mensagem bonita. Trata da importância de mantermos viva a nossa imaginação. Bacana, mas eu estava mesmo era esperando que acontecesse o reencontro entre Wendy e Peter. E ele aconteceu. Nem podia acreditar no que estava vendo. Uma Wendy adulta, mãe de família, reencontrando o menino que se negara a crescer. Claro que foi só um encontro casual. Um olhar daqui e um sorrisinho dali. Nada mais. Peter reapareceu de surpresa pra Wendy, assim como reapareceu, ontem, para mim. E da mesma forma que veio, voltou para a Terra do Nunca - com a (eterna) Sininho do lado. Deixando Wendy e eu para trás, na janela, suspirando. Nunca cresça e apareça quando eu menos esperar, Peter Pan...

P.S: a TPM e a irritação passaram, mas continuo tomando porres de nostalgia todos os dias. Ah! E também continuo monotemática, mas não dou mais a mínima pra isso.

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