26 anos e perdi a pratica. Jazz, madrugada e cigarro. Era a formula pra conseguir
escrever. A jovem que eu fui vivia uma personagem noturna que consumia palavras
regadas à nicotina e transpirava letras durante as horas mal dormidas. Uma
personagem clichê que surgia para escrever textos ainda mais comuns. A
admiração pelo cinza, pelo nostálgico e o eterno destrambelhamento do ser me
faziam produzir entranhas em textos. Sempre com doses excessivas do sentir. Eu
sou só sentimento - repetia com a constância mimada de quem descobriu Billie
Holiday muito antes de se descobrir.
Ironicamente, escolhi Letras porque queria escrever, e hoje,
aos 26, a capacitação me impede porque me assusta. Falar sobre isso me
assusta um pouco mais! O problema é que eu preciso escrever! Aí em anos ímpares eu tento
retomar de onde parei, e nos pares eu me escondo debaixo da cama, morrendo de
vergonha de tudo que tem por aqui.