quarta-feira, 13 de abril de 2011

Aftas

Acordei com refluxo e aftas. Minha mãe diz que isso é culpa da ansiedade. Eu diria que tem um pouquinho de raiva misturada nisso. Porque a raiva sempre estoura na minha boca e no meu estomago. Ficar esse tempo parada tá me abalando. Ai eu entendo porque ando teorizando a pressa e a espera. Porque a prática está me enlouquecendo! Estou começando a ficar cansada, fico 24h me cobrando e repetindo pra mim mesma "preciso fazer alguma coisa". Não gosto quando me sobra tempo. Funciono no muito, no que transborda, ficar parada muito tempo me deixa inquieta, ansiosa. E eu somatizo ansiedade, me dá aftas. Por isso tenho postado mais textos por aqui, me sobram tempo e imaginação demais. Mas a minha mãe vive repetindo, que isso é culpa da ansiedade, das aftas, do refluxo, e que eu devia "jogar o blog fora" e comprar um diário. Talvez um dia eu faça isso. Por enquanto, continuo insistindo. E pensando em voltar pra academia.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Substantivo feminino (de esperar)

"Tenha um objetivo e, mais cedo ou mais tarde, você acabará no divã de um psicanalista. Minha visão é a de uma vida sem objetivos. Essa é a visão de todos os budas. Tudo simplesmente é, por nenhuma razão em absoluto. Tudo é simplesmente um completo absurdo. Se isso for entendido, então qual é a pressa? E pressa pra quê?"  [Osho]


Andei refletindo sobre isso, e acho que só os monges e os sábios aprendem a esperar com graça.

O resto do mundo tá sempre inquieto, querendo interromper o fluxo dos acontecimentos. Estamos imediatistas, tudo tem de ser para ontem e com muita motivação. Afinal, tempo é dinheiro, certo?! Mas estamos com pressa de que? E será que estamos mesmo com pressa, ou simplesmente perdemos a capacidade de esperar? Esperar nos lembra que não estamos no comando. Que não temos controle sobre tudo. E parece que ninguém tá afim de entrar no trem fantasma sem poder fechar os olhos! Vivemos em uma sociedade onde o instantâneo e a busca da felicidade imediata são valores predominantes. E no meio disso, acabamos ficando escravos das nossas vontades, ansiosos e impacientes. O que pra mim, parece ser um indicador, não de limites inerentes ao ser humano, mas da nossa aparente insuficiência de ter esperança.

Não tinha certeza, mas imaginei que espera e esperança de alguma forma se fundissem etimologicamente. O Michaelis confirmou - "Esperança: Substantivo feminino (de esperar)". E ai, a linguagem nos mostra, mais uma vez, que ela sempre encerra em si informações muito mais profundas do que pensamos saber - ou prestamos atenção! A esperança morre, justamente, quando deixamos de esperar em função de uma presunção. Em latim: praesumptio, que significa “tomar antes”, “antecipar”. Antecipamos o desfecho da situação de acordo com nosso grau de desespero, e ai, perdemos a esperança e com ela a capacidade de esperar que as coisas realmente se concluam. Agora, Tudo que fazemos, é porque escolhemos fazer, ainda que inconscientemente. E que bom! Afinal a escolha é nossa base sólida, já que se trata de uma das poucas coisas que ainda temos controle: nossas decisões. Com a espera(nça), então, não é diferente. Você tem que escolher esperar. Escolher sair do mode on e entrar em standby. E, quem sabe, aceitar que você não se move no tempo, e, sim, o tempo que te move.

Maaaaas, como diria a mãe loira do funk, “Quer ficar com a perna grossa? Tem que ter disposição!” (rsrs)

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P.S.: Mais um texto hoje. Acho que ligaram as turbinas aqui dentro. De madrugada eu crio, de dia eu reflito. Gosto disso!
P.S.2: Textinho #autoajudafeelings bagaraleo mas tá tudo certo....

"There was no in between for Cass." [Bukowski]


Quando isso aconteceu já tudo estava perdido.
Ana sabia.
E por isso entrou no primeiro trem e se foi.
Ninguém sabe pra onde.
Na carteira de Álvaro, uma foto dela ficou guardada.
Às vezes ele parava pra olhá-la.
"Mulher bonita assim o diabo respeita."
Álvaro também.
Sabia então, que onde quer que ela estivesse, estaria bem.
E que, talvez, nem tudo estivesse perdido.
Mas estava.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sobre dias de chuva...


E tá chovendo outra vez. Merda de chuva. Deixa a gente com cara de tédio. Eu por exemplo, tenho quase certeza que fico cinza em dias de chuva. To falando da pele mudar literalmente de cor, e me deixar cinza parecendo cimento. Talvez só eu fique cinza. Mas to-do-mun-do começa a por os clichês pra fora depois de cair o primeiro pingo no meio da testa.

Aí vale fumar um Malboro light olhando pro tempo ruim, tomar uma cachaça pra esquentar o corpo, e até ficar mal humorado e mandar uns quatro tomarem no cú – só pra começar. E fora essa encenação toda, ainda tem aquela vontadezinha de, de repente, começar a querer contar histórias inúteis do seu cotidiano pra qualquer pessoa que fique espremido no mesmo metro quadrado que você tentando se proteger.

Já reparou que em dias assim, parece que rola um pacto mutuo implícito, de que a barbeiragem no transito foi liberada?! Vira um verdadeiro caos! Trânsito parado e um bando de imbecil buzinando atrás de você. Se começa o pé d'água e eu to dirigindo, querido, pode esperar, que meus modos vão escorrer junto com a chuva. “Ta com pressa passa por cima, porra!” Você já ta ali, completamente cego, grudado no volante, com limpador de para - brisa sacudindo em velocidade máxima na sua cara, o vidro embaçando e o infeliz atrás de você ainda fica te cornetando?! Manda outros três tomarem no cu. Três, até você perceber que é um velho que tá dirigindo o carro na sua frente, ai, você pode mandar o velho tomar no cu também, porque “com esse temporal” o vovô vai dirigir a quase 0km/h, com toda certeza.

Ok, talvez só eu fique cinza. Mas to-do-mun-do começa a por os clichês pra fora. E acho até que, na verdade, as pessoas não ficam mais introspectivas e caladas em dias chuvosos, pelo contrario, elas falam mais, resmungam mais, bebem mais, fumam mais e (se) fodem mais - vamos combinar!


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P.S: Falar "cu" tantas vezes num mesmo texto é tão legal quanto criança que aprende que falar palavrão é feio e (só por isso) fica repetindo o dito-cujo o dia inteiro. hahahahahahahaha (:

Fala Caio...

"Eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio de uma praça, então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calado um tempo enorme só olhando você, sem dizer nada, só olhando e pensando, meu deus mas como você me dói de vez em quando!" (Caio Fernando)