sábado, 5 de junho de 2010

Nude


Nunca fui de básico. Isso porque não sei me manter só no necessário. Sempre funcionei nos amigos que gritam, nas pessoas que gesticulam, nos filmes que me fazem chorar e nas músicas que me dispertam memórias. Talvez exatamente por isso, torci tanto o nariz quando, em 2009, começou a aparecer no vestuário feminino, junto com as cores neon, uma forte tendência NUDE. Por causa da minha pele clara, ainda evito o exagero do nude em roupas. Mas to começando a achar que é uma grande besteira. Falta de costume.

Era assim também com a maquiagem. Mas o nude, que a primeira vista, me fez estranhar por sua palidez e a falsa sensação de falta de saúde, acabou sendo uma arma eficaz para mascarar as pequenas imperfeições que eu tanto tentava esconder na hora de fazer o make up. Sem tirar o aspecto "belezanatural", no melhor estilo tela em branco, a cor garante o ar clássico-romântico , além de ter facilitado bastante a minha vida, que com 15 minutos e um bom corretivo passei a conseguir produzir um make atual, feminino, clean e bastante natural. Quer aspecto mais saudável do que parecer natural?!
E por demorar um pouquinho para ceder aos encantos das cores pastéis, acabei levando algum tempo pra descobrir o esmalte que estou usando essa semana, e que foi a inspiração para escrever este post. Já deve estar batido entre a mulherada. Mas achei que, talvez, ele ainda pudesse estar camuflado pela febre dos esmaltes coloridos. O nome, adivinha?! NUDE hahahaha da Colorama. É um rosa fosco, apesar de o esmalte ter algum brilho. A cor é super cremosa e foge completamente da idéia de que esmalte em tons pálidos são sem graça e entediantes.

Na foto, a cor ficou mais pink do que de fato é, mas da pra ter uma idéia da belezinha que ela é! E do tamanho do bife que minha manicure tirou.. rsrsrsrs

Fica a dica então! Nude - Colorama!

“Madame Bovary c´est moi”, dizia Flaubert.

Um começo de manhã ainda sem sol. Os meus livros desarrumados pelo quarto e os lençóis da cama ainda fora do lugar. Alguma coisa ali não estava combinando bem. Os livros eram meus, os lençóis desarrumados também. Mas aquela bagunça toda estava me incomodando. Como se fosse reflexo de algo que eu não conhecia. Até porque, não combinava com a disciplina organizada em que eu venho tentando manter a minha vida. Prendi os cabelos, dobrei as mangas da camisa e resolvi colocar ordem no lugar. O resultado foi um armário limpo, a cama bem feita, as prateleiras com livros organizados e um blogger repaginado.

Sim sim, aproveitei pra fazer algumas mudanças no blog. Depois de deixá-lo 2 semanas fora do ar, e de sair daqui correndo com medo e achando que nunca mais iria conseguir escrever outra vez. Voltei com uma proposta nova e mais colorida. Isto porque alguns amigos sempre apostavam que estavam lendo textos autobiográficos por aqui, e em resposta eu dizia que minha vida não era tão interessante assim. Preferia chamar de autoficção. Ou em outras palavras, falsa verdade de mim mesma.

A nossa memória é um arquivo repleto de ficção, armazenamos coisas da forma que queremos. Fantasiamos nossas experiências, com direito a trilha sonora e tudo mais. E o que soa como confissão pessoal é na verdade uma grande efabulação de memórias e sentimentos. Quando não uma livre criação de uma realidade alternativa. O que talvez venha a ser mais um desabafo do que um texto.

“Madame Bovary c´est moi”, dizia Flaubert. Ou Lobato quando assumiu que a boneca Emília era um retrato dele mesmo. E as questões dos bloggers, dos diarios virtuais - que só diferem daqueles diários que carregávamos em baixo do braço porque à publicação vem somada a vaidade - é que as memórias expostas são transformadas em literatura, sem permitir que o leitor consiga identificar quando está lendo algo real. Estou nas minhas personagens. Fato. Nas masculinas inclusive. Mas a verdade mesmo, é que elas nem se quer existem. Por isso o blog virava um drama, como numa peça de teatro ou num conto sem pretensão. O que escrevia era reflexo daquilo que gosto de ler. Reflexo das cambalhotas que Fernando Pessoa, Caio Fernando e mais alguns outros dão dentro da minha cabeça. E do meu estômago. Escrever pra poder sentir. Sentir nas entranhas.

Hoje, vendo por outro lado - depois de ter o quarto arrumado - comecei a achar que já estava na hora do eu-lírico voltar a trabalhar. Reconheço minhas limitações. Escrevo só porque gosto. E isso dista muito da perfeição literária. Ok, posso não levar tanto jeito assim pra coisa, mas preciso escrever. Escrever sempre. Como uma atividade compulsiva. Só que, felizmente, sem estragos desta vez...

"These words I write keep me from total madness"
[Charles Bukowski]