domingo, 28 de março de 2010

(des) organização


Sem televisão no quarto e com todos os meus livros lidos e relidos, os dias parecem começar e terminar sempre com uma dose extra de tédio. E tédio é uma coisa engraçada, que nos deixa sem vontade de fazer absolutamente nada, mas que também não deixa a gente quieto. Talvez seja ssa a maior prova da nossa necessidade de um pequeno caos constante. Da minha, pelo menos. Afinal as coisas estão tranqüilas, aconchegantes, monótonas e corriqueiras. Só que esse punhado de horas mansas tem me parecido algo doce, mas um tanto enjoativo. Confesso, de forma egoísta, que parece me faltar alguma coisa mesmo estando tudo bem. Talvez seja a existência, ainda que tímida, de algum caos interno que me impulsione a “por a pena na mão” e escrever todas as reminiscências que me vierem à mente. Não acho bonito, nem certo admitir essa irrefreável tendência ao caos. Mas tudo cansa. E começo a perceber que é preciso, antes de ser feliz, ter capacidade pra ser feliz. Entender que podemos ser felizes sem precisar expor os dentes, que até as pessoas mais felizes carregam tristezas no bolso e que talvez felicidade plena seja um caso mental patológico e completamente avesso a realidade em que o resto do mundo vive. Então, se está tudo bem, eu sorrio. Mas - repito - me falta alguma coisa, porque está tudo bem e eu só rio.

sábado, 13 de março de 2010

By heart

Pele clara, cabelos negros...
Pele clara, cabelos negros, olhos castanhos, boca vermelha...
Pele clara, cabelos negros, olhos castanhos, boca vermelha, voz quente...
Ela olha. Ele está distraído e não repara. Mas na ânsia de decorá-lo, ela olha. Observa cada detalhe. E tenta sabê-lo de cor: Pele clara, cabelos negros, olhos castanhos, boca vermelha, voz quente... E um jeito de andar peculiar. Os olhos até parecem falar, mostrar o que tem dentro! Acontece que ele a protege de suas manhãs, de suas manhas, de sua arte, de sua vida. Mantém as coisas assim, sempre na beira, na superfície, só até onde os olhos alcançam. O que tem dentro, parece não ser pro seu bico. Por isso todas as vezes que o vê, ela se espanta. Nunca o reconhece por completo. E mesmo assim ele lhe parece sempre melhor do que na ultima vez que o viu. Se não lhe é permitido entender, decora-o então.
Pele clara, cabelos negros, olhos castanhos, boca vermelha, voz quente...

segunda-feira, 8 de março de 2010

A máquina

A gente acha que o futuro é muito longe daqui e esquece que hoje é futuro de ontem e passado de amanhã. E que não importa o que era, mas sim o que se tornou. Se o que se tornou não lhe agrada, mude. Só demorará uma única noite pra que tudo esteja diferente. Afinal, amanhã é o futuro de hoje. E também passado de depois de amanhã. Se mudar hoje o que não gosta e chegar amanhã ainda sem gostar, mude outra vez que o depois de amanhã certamente lhe servirá...

sexta-feira, 5 de março de 2010

Geometria

O problema entre duas paralelas é que elas só se encontram no infinito...