segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Verão


Têm feito dias de sol. E um dia desses, reparei que a praia de Camburi anda acordando linda em baixo de um sol brilhante e um céu incrivelmente azul. São poucas às vezes, confesso, que paro para admirar a beleza da cidade onde eu vivo. A cultura, os jeitos, as gírias, os olhares, nada aqui combina comigo. E o meu desprezo por tudo isso ofusca minha capacidade de ver simplesmente por ver. Olhar em voltar e ver como é simpática a ilha de Vitória. Mas sobre me sentir estrangeira na cidade onde nasci é uma conversa pra outro texto. Independente disso, Camburi acordou linda. Tão linda que me deu uma vontade louca de ter uma bicicleta pra poder passear pela orla admirando o tempo bom que tanto faz bem ao meu humor. Parece que o verão chegou de fato. Lá fora e aqui dentro também. A sensação de calma, de paz, alegria e de reflexão, me faz sentir como uma criança que brinca livre na areia da praia, sem se preocupar com o sol, construindo castelos de areia que desabam de forma divertida quando bate a água do mar e limpa o terreno para que um novo castelo seja construído. Castelos dentro de mim estão desabando, e de forma divertida, como os de areia que as crianças fazem na praia. É divertido porque o verão aqui dentro me mostra que é preciso estar sozinha por um tempo, é preciso limpar o terreno para construir um castelo novo. Me mostra depois das dores, as delícias de me ter como companheira de quarto. E me faz parar de teorizar o amor mesmo que a prática ainda me enlouqueça. Estar só e em silencio é um alto aprendizado. Por vezes doloroso, mas grandioso. Tão grandioso que em dias assim, onde a praia de Camburi acorda linda em baixo de um sol brilhante e um céu incrivelmente azul, eu acho divertido ver meus castelos caindo, e meus medos e meus pudores caindo junto. E não me importo em dizer que estar sozinha também é bom. E que é natural, às vezes, querermos passar mais tempo dentro de nós do que dentro deles. Mesmo sabendo que às vezes tudo que precisamos é de um elogio bonito e um belo tapa na bunda. Afinal, é verão. La fora e aqui dentro também. Em fim.

sábado, 21 de novembro de 2009

Fica a dica!

"No dia que as mulheres descobrirem o que querem, esse mundo perderá a graça, hehe." [Gabriel Campos, Chiclete]
Toda mulher é burra. Mas pra não nos chamarem de burras, inventaram a palavra "românticas". Não é difícil conquistar uma mulher. O homem que consegue, às, sei lá, 16:53 - horário mais que quebrado e improvável - mandar uma mensagem sem motivo aparente, dizendo que ela é linda e que ele sente saudade, ganha o jogo de cara! Agora, resta saber por que 99,9% deles não conseguem...
Porque são burros, talvez. Ou seria melhor eu dizer "distraídos" ?

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Blackout

[No país e na minha cabeça também.]

domingo, 8 de novembro de 2009

Por hora, bastaria.


Ir embora em silêncio, sem dizer adeus e em passos lentos (quase flutuando). Largar casa, emprego e tudo que foi e não é mais. Dar o fora daqui, dessa cidade, dessas pessoas e ir viver de amor em uma cabana. Viver no estado mais bruto e primitivo de felicidade. Deitar numa rede e observar as estrelas e a lua cheia no céu, e contemplar a simplicidade da vida. Onde qualquer problema se resolva só de eu me encaixar embaixo dos seus braços.Acordar com a luz do sol. Acreditar em cristais, astrologia e no sexo dos anjos. E ter uma fonte perto do jardim. Um cachorro solto no quintal e passarinhos soltos pelo céu. Conhecer a vida crua. Repleta de paz. Tudo ridiculamente simples. Nomear as pintas do seu corpo pra me distrair. Ouvindo jazz e bossa nova. Viver só com o necessario, sem exageros e sem vicios. A vida seria besta. Mas por hora, bastaria.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Entre karmas e amigos



Conheço o tamanho do poder das palavras. E como a Lo pediu. Resolvi parar 10 minutos antes de ficar bonitinha para sair e escrever um texto. Um texto feito pra acalmar o coração de uma amiga e aproveitar pra dizer a um amigo querido que fez aniversário por esses dias o quanto ele é importante na minha vida.

Difícil escrever assim por encomenda. Tentei alguns começos, apaguei, comecei mais algumas vezes e nada. Peguei um cigarro (ainda to tentando parar, mas também não da pra parar de vez né?!), andei até a janela e fui ver o movimento. A tentativa de largar o cigarro e os remédios pra dormir, que o médico me receitou, tem me feito viver menos entre cigarros e xícaras de café nas noites de insônia. Só me restou, então, buscar inspiração no mundo do lado de fora da minha janela. Olhei a rua como se fosse a primeira vez que a visse. Dei mais um trago e me senti inútil por não conseguir largar o vicio. Tentei imaginar o que escrever para acalmar o coração da amiga que está em casa derrubada por uma virose. E ainda no que escrever pro amigo que está km e km longe de mim, mas tão perto do coração que sinto como se um pedaço do coração dele batesse dentro de mim, juntinho ao meu.

Parada assim, na janela, olhando o mundo la fora, consigo ver o mundo aqui dentro de mim. Acho que ver as pessoas em movimento me da a sensação de que estão todos seguindo seus caminhos e que o mundo está bem. E se la fora ta tudo bem, é preciso, então, começar a arrumar o que está aqui dentro. Entender o momento. Entender o sentimento (ainda me mantenho nessa luta). Entender os porquês das coisas que tem porquês. E lembrar das coisas que não tem porquês só pra sentir o gostinho do inexplicável mais uma vez. Queria escrever pra acalmar o coração de uma amiga, pra dizer prum amigo como é gostosa a sensação de sentir sua presença mesmo ele estando anos luz de distancia. Mas de tanto olhar la pra fora buscando inspiração acabei vendo o que está aqui dentro. Aqui dentro está tudo confuso, está tudo uma bagunça. Porque parece que estou fadada a viver um tipo de Karma.

Digo isso pensando nos amores que tive. Todos com ares de “ter tudo pra dar certo”, e no final não dão. Todos eles. Uma sucessão de falta de sintonia. É sempre assim, eles chegam vêem de perto meu formigamento e minha pressa de vida. Se assustam com os buracos que minhas asas fazem em minhas blusas, mas acabam por aceitar o desafio. Pegam na minha mão e tentam me fazer diminuir o ritmo. Acontece que dou passos largos, e aos poucos eles precisam acelerar os passos se quiserem continuar ao meu lado sem soltar as mãos. E saem correndo comigo, e se acostumam com toda a inconstância que eu apresento. Só que chega uma hora que eu canso. Não deles, mas de amar a mil por hora. Não que eu não vá acelerar meu ritmo novamente, mas há momentos em que tudo que quero é me enroscar no colo de alguém e manter meus pés quentes durante a madrugada. Mas quando eu que fico cansada procurando um amorzinho calmo são eles que têm sede de tudo. E já não se contentam mais em ver meus momentos de tédio de perto. E saem por aí fazendo com que as pessoas se apaixonem perdidamente por eles, para depois se cansarem delas, e partirem então para uma nova história de amor fulminante que durará 60 minutos. Uma sucessão de falta de sintonia. Algo parecido com aquela história onde “primeiro ele a queria e ela nem dava bola, depois ela o quis e ele não quis mais. Ai quando ela desistiu, ele voltou a querê-la”. (Conhece essa historia?!).

E de repente surge um novo alguém, um novo sentimento, um novo contrair de dedos, e tudo aqui dentro fica confuso. E eu deveria escrever um texto que não falasse sobre meu próprio umbigo nem sobre uma espécie de maldição que me persegue. Mas meu coração já foi vasculhado e posto de cabeça pra baixo e por isso acho que não consigo. A janela está aqui escancarada na minha frente mostrando que as pessoas continuam indo, que o mundo continua indo, e que eu, que tenho formigamento e pressa de vida, não posso parar por medo de um karma maldito que me persegue. A janela ta escancarada e do lado de fora tem a Lo com quem eu falo sempre que preciso de suporte. Uma amizade nova, mas que parece existir desde 1930. Tem o Gui, que andou fazendo aniversário e que apesar de eu ficar anos e anos sem vê-lo, afirmo indubitavelmente que um pedaço do coração dele bate dentro de mim. Ele dá suporte a minha alma. Então que esteja uma desordem, que a casa esteja vasculhada, lá fora tem o mundo que segue bem e as pessoas que seguem seus caminhos.Tem minha amiga que apesar da virose continua atenciosa, carinhosa, emotiva, passional e assustadoramente parecida comigo e o amigo querido que é único no mundo, tem jeito de artista e ainda cede um pedaço dele pra morar dentro de mim.

Parada assim, na janela, olhando o mundo la fora, consigo ver, agora, que não se pode amar nada no mundo com a mesma intensidade que amamos as pessoas que nos fazem bem, e aí, o karma em que estou fadada a viver começa a parecer pequeno. E no fundo talvez o seja.